sábado, 22 de janeiro de 2011

Tempestade de Emoções # 36

- Ei, miúda, está tudo bem ? - perguntou uma voz feminina.
- Não, longe disso. Mas eu fico bem, obrigada.
- Precisas de alguma coisa ?
- Não, obrigada.
- De certeza ? Não queres ir lá dentro, beber um copo de água ?
- Não, eu não volto a entrar ali!
- Wow,aconteceu alguma coisa ?
A rapariga era alta, Maria não conseguia ver-lhe bem o rosto. Estava acompanhada de um carrinho de bebé que empurrava em jeito de adormecer a criança.
- Acabei de ver o meu namorado, o rapaz que eu julgava ser o amor da minha vida, aos beijos com outra.
- Oh meu Deus. Lamento imenso.
- Hm, pois.
- Não quero nem imaginar o que isso doi. Mas olha, vem comigo, não até ao bar, mas até minha casa.
- Não, não quero incomodar-te. Eu vou só esperar que amanheça, depois apanho o comboio e vou-me embora.
- Eu insisto. Não incomodas. Não vou deixar que passes a noite ao relento.
Maria recusou durante algum tempo, mas a rapariga continuou a insistir e Maria acabou por aceitar.
A rapariga colocou a criança na sua cadeirinha enquanto Maria entrou no carro. Quando a rapariga se sentou ao volante Maria conseguiu finalmente ver-lheo rosto. Era loira, olhos castanhos... Maria reconheceu-a de imediato.
- Mas tu és a Andreia!- exclamou.
A rapariga sorriu e confirmou.
- Então e ela é a Vitória e isto é o Audi Branco do Coentrão! !
- Certo. - riu Andreia.
- Não posso! Só me faltava agora a ironia!
- Ironia ?
- Sim.. Eu pensava que o dia em que isto me ia acontecer ia ser um dos mais felizes da minha vida.
- És mais uma fã doFábio ?
- Não sei se é bem fã. Eu gosto imenso de futebol, sou Benfiquista mais do que ferranha e gosto imenso de o ver jogar. Nunca desiste, tem sempre aquelas ganas de vencer. Admiro-o.
Andreia sorriu. A viagem foi rápida. Vitória continuava a dormir, era loirinha, bastante parecida com o pai.
- Ela é tão bonitinha! Tem um ar tão sereno.
- Ahah, sim, nesse aspecto sai a mim.
Maria iria dormir no sofá da sala, iam conversando enquanto Andreia dava de mamar à criança.
- Tu não és de cá pois não?
- Não. Sou das Beiras, de uma vilazinha perto da Serra da Estrela.
- Hm.. Eu sei que não deves querer falar no assunto, mas quem é que é o teu namorado ?
Maria suspirou numa tentativa fracassada de conter as lágrimas.
-É o Salvador.
- Salvador?! O Salvador?! Claro! Claro! É daí que teconheço!
- Sim, o Salvador. Irmão do Alex e do Miki. Tu conheces-me ?
- Sim, a tua cara não me és estranha e agora já me lembro, o Salvador mostrou-nos umas fotos e tu estavas lá.
- Ahh, ele nunca me disse nada.
- Oh meu Deus! Aquele rapaz não tem juizo. Ele sabia que tu vinhas ?
- Não... Queria fazer-lhe uma surpresa... Ele andava distante dehá uns tempos pra cá. Eu pensava que era por causa dos exames mas os exames passaram e ele continuou distante... Agora sei porquê.
- Oh minha querida... Lamento imenso! Não sei que te dizer. O Salvador parecia tão apaixonado por ti... O brilho nos olhos dele quando falava de ti, a cara que fazia quando via o telemovel. O Fábio brincava imenso com ele.
Maria não foi capaz de articular palavra. As lágrimas caiam uma após outra.
- Calma... Respira fundo. Se o Salvador fez isso com intenção não merece essas lágrimas. Mas tu tens que falar com ele. Ouvir uma explicação dele.
- Não! Eu não vouolhar para a cara dele tão cedo. Eu vi. Eles estavam a falar, muitos sorrisinhos e depois, depois beijaram-se! - chorou.
- Mesmo assim. Pode ter sido um impulso, um mal-entendido, qualquer coisa!
- Eu vi.
- Olha, fazemos assim, agora vais descansar e amanhã quando acordares de cabeça friadecides o que queres fazer.
- Eu já decidi.
-Mesmo assim, pensa melhor. Eu vou deitar a pequena. De certeza que não precisas de nada?
- Sim.. Muito obrigada por tudo!
-Não agradeças... Quem me dera conhecer-e noutras circustancias. Boa noite.
- Boanoite-
Maria tentou dormir, mas era em vão. Cada vez que fechava os olhos só via aquela imagem. Eram cerca de 3 da manhã quando Andreia se levantou para dar o peito à pequena Vitória. Ao passar pela sala, viu que Maria estava acordada.
- Acordei-te ? Desculpa!
- Não, nem te senti. Mas não consigo dormir.
- Oh rapariga...
- Eu fico bem. Trata da Vitória e vai dormir. Eu fico bem.

Assim que o dia começou a aclarar, Maria partiu de casa dos Coentrão deixando um bilhete de agradecimento

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